quarta-feira, março 14, 2012

COORDENADOR DA REGIONAL DO SINTE RESOLVE BOTAR A BOCA NO TROMBONE

Querid@s Guerreir@s
O professor Francisco Galvão, coordenador da Regional de Canguaretama do SINTE/RN, resolve abrir o jogo e fala tudo em entrevista ao Blog Canguaretama em Chamas.
Francisco Alves Galvão Neto é Sociólogo, Pedagogo, Pesquisador e Professor de História, é autor do Blog Café História e do Blog História de Canguaretama. 
Em 2011 participou das eleições da Regional de Canguaretama, sendo eleito em 30 de novembro. No dia 13 de dezembro de 2011 tomou posse como Coordenador Geral da Regional do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte, mas vive um momento crítico dentro da política sindical estadual.


Em entrevista ao Blog Canguaretama em Chamas, ele fala sobre o processo eleitoral que venceu, de sua posse no sindicato, do não reconhecimento de sua vitoria pela estadual do SINTE, da falta de recursos para atuar frente à Regional e dos problemas que envolvem a educação.
Canguaretama em Chamas: Por que você se decidiu por essa candidatura ao sindicato dos professores?
Francisco Galvão: Essa não era uma escolha minha. Eu via o sindicato sem legitimidade, pois a direção era uma comissão provisória que se manteve no poder por quase quatro anos sem nunca passar por uma eleição. Isso me incomodava muito e questionei a situação. Em uma assembléia, então, os dirigentes convocaram uma eleição. Foi quando percebi a insatisfação da categoria, que me pedia para ocupar aquele posto. A princípio eu não queria aceitar, mas fiquei num caminho sem volta, pois foram convocadas eleições e ninguém se mobilizou para formar uma chapa.

Canguaretama em Chamas: Como foi sua campanha e a eleição?
Francisco Galvão: Não trabalhei sozinho, pois estou num grupo muito responsável e unido. Todos os dias encontrava pessoas que se dispuseram em ajudar, mas não foi fácil. Andei em quase todas as escolas da região. Aprendi muitas coisas e fiz muitos amigos. Quem votou conosco é porque sabia da nossa capacidade.
Canguaretama em Chamas: Por que, mesmo possuindo vários blogs e tendo um programa na rádio, você não divulgou essas notícias?
Francisco Galvão: Eu respeito meus ouvintes e meus leitores e não faria auto promoção às custas deles. Além do mais, meus blogs e meu programa na rádio não tratam desse assunto. É preciso ter ética nesses momentos.
Canguaretama em Chamas: E como está a situação atual da Regional que você dirige?
Francisco Galvão: Eu não faço o trabalho sozinho, tem sempre a concordância do grupo; sou Coordenador junto com Sérgio Borba e Telma Alves. Mas temos que admitir que estamos sofrendo uma oposição muito forte da direção estadual que, numa manobra infantil não quer aceitar nossa eleição. Com isso, os recursos que são pagos pelos filiados não estão sendo repassados para a Regional.
Canguaretama em Chamas: E para onde está indo esse dinheiro?
Francisco Galvão: O que está sendo feito com esse dinheiro eu não sei informar. Quem está perdendo é a classe dos educadores, pois queríamos implantar vários projetos na Regional, inclusive uma “Casa dos Trabalhadores em Educação” para ajudar aos filiados. Nem uma sede temos ainda, pois não há recursos para pagar um aluguel.
Canguaretama em Chamas: Como vocês estão trabalhando sem recursos?
Francisco Galvão: Estamos trabalhando e defendendo a Educação Pública da região sem contar com contribuição paga pelos filiados. Todas as viagens, telefonemas e outros gastos são bancados pelo grupo.
Canguaretama em Chamas: Como vocês estão recebendo os filiados?
Francisco Galvão: Eu não me incomodo de conversar com eles na rua ou no local de trabalho. É constrangedor, mas não posso me negar a escutá-los.
Por enquanto temos um e-mail que recebe mensagens e responde aos questionamentos da classe: sintecanguaretama@gmail.com. Estamos também com um blog no ar, onde colocamos os informes para a categoria e também recebemos mensagens.
Canguaretama em Chamas: Até quando essa situação vai continuar assim?
Francisco Galvão: Não sei! Já fomos tentar o diálogo com os representantes da coordenação estadual do SINTE, mas eles demonstraram inabilidade política ao rejeitar o diálogo e a parceria. Tiveram uma atitude parecida com os “luddistas” do século XIX, que quebravam as máquinas das fábricas na esperança de terem seus empregos de volta.
Canguaretama em Chamas: E sobre a situação dos Professores de Canguaretama e região, você vai falar alguma coisa?
Francisco Galvão: Sim!
Canguaretama em Chamas: Poderá ser em outra entrevista para não cansar nosso leitor?
Francisco Galvão: Sem problemas. Tenho muita coisa a falar sobre esse assunto!
Canguaretama em Chamas: Você teme alguma represália?
Francisco Galvão: A violência é a arma dos fracos; só quem não tem argumentos busca refugio na violência. O perdão é usado pelos valentes que não se amedrontam com o ataque dos incompetentes! Todos sabem quem eu sou e o que sou capaz, eu não engano a ninguém!
2ª Parte da Entrevista:
Canguaretama em Chamas: Como você analisa a educação pública em Canguaretama hoje?
Francisco Galvão: O que acontece com a educação de Canguaretama não é diferente de outras cidades brasileiras. O problema é que já se aceita isso como se fosse uma coisa normal, como se fosse inevitável, algo que não pudesse ser mudado.

Canguaretama em Chamas: Mas, então, é ou não é uma boa educação?
Francisco Galvão: Não posso tender ao maniqueísmo nem ser prolixo para lhe responder. Temos bons profissionais, mas isso não é o suficiente. Falta muito para chegar a uma educação de qualidade. Há um abismo muito grande entre as classes sociais: para os pobres se oferece uma educação de segunda ou terceira classe. Isso não é justo. Não podemos aceitar essa situação como exemplo de boa educação pública.

Canguaretama em Chamas:Você concorda que os filhos de quem tem cargo eletivo deveriam ser matriculados em escolas públicas de sua “jurisdição”?
Francisco Galvão: Essa é uma das melhores idéias dos últimos anos. É também a prova maior da falta de qualidade: se tivéssemos essa boa educação que dizem, os administradores públicos colocariam seus filhos nas escolas que estão sob seu poder.

Canguaretama em Chamas:É possível mudar esse quadro da educação?
Francisco Galvão: Claro! Mas não é concebível entender a educação como despesa, educação é investimento e não há país que venceu a pobreza sem ter investido na educação de sua população.

Canguaretama em Chamas: Como anda o piso salarial do magistério?
Francisco Galvão: Tenho medo que o piso se torne uma grande falácia. O presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte, Benes Leocádio, mas dizendo que não é contra, afirmou que os gestores municipais não têm como pagar esse Piso e cobrou do Governo Federal uma compensação. Estão criando condições para não pagar o reajuste do piso e isso é muito perigoso para os profissionais da educação. A impressão que temos é que o piso passou a ser uma arma de barganha para prefeitos pedirem mais recursos.

Canguaretama em Chamas: Como está sendo pago o piso nas prefeituras da região?
Francisco Galvão: Os prefeitos se dispõem a pagar o piso, mas esquecem de que existe um reajuste de 22,22% para ser cumprido. Algumas prefeituras também devem retroativos de anos anteriores. Em muitos casos vai ser necessário convocar o Ministério Público para garantir o cumprimento da Lei Federal.

Canguaretama em Chamas:A prefeitura de Canguaretama vai pagar?
Francisco Galvão: A fala do prefeito suscitou dúvidas. No dia 9 passado ele garantiu que pagará o piso, mas na negociação com o sindicato ele afirmou que não teria como reajustar o salário em 22,22%. O sindicato aconselhou a cortar gastos.

Canguaretama em Chamas: E sobre a jornada de trabalho dos trabalhadores em educação.
Francisco Galvão: Nós defendemos uma jornada de 6 horas ininterruptas para os servidores. Para os professores pedimos o respeito da lei que prevê um terço da jornada para trabalhos extraclasse. Como o professor tem que cumprir 30 horas, trabalhará 20 horas com os alunos e 10 horas serão reservadas para planejamento e estudo. Assim, o professor trabalhará 4 dias em sala de aula e um dia fora da sala.

Canguaretama em Chamas: Isso é algo novo na educação?
Francisco Galvão: Não! Desde a época imperial que se fala que o professor deveria ter tempo para planejar suas atividades, mas isso nunca foi colocado em prática. A lei do piso fortaleceu o desejo por essa prática, mas os governos municipais e estaduais dizem que não estão preparados para colocar a lei em prática. Eles não lembram que lei não é de agora. Faltou planejamento dos gestores e não podemos penalizar novamente a educação!

Canguaretama em Chamas:Você aceitaria comentar a política municipal em outra entrevista?
Francisco Galvão: Aceito, mas com a condição de imparcialidade e responsabilidade!

Canguaretama em Chamas: Você responderia perguntas enviadas pelos leitores deste blog?
Francisco Galvão: Para mim será um prazer até porque nesta cidade encontramos pouca gente que se dispõe a fazer isso de forma educada! Estamos nos acostumando a não questionar, como se questionar fosse proibido ou sinal de se colocar na oposição. É preciso questionar, pois essa prática leva ao desafio e o desafio leva ao crescimento.

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